O Laboratório de Estudos sobre Espaço e Política (LEP) vinculado ao Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano (MDU) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) promoverá o I Colóquio Internacional sobre Sociedade Espaço e Política, com o tema Geopolítica e Desenvolvimento Desigual na América Latina entre os dias 16 e 19 de agosto de 2021, de forma virtual, a partir de Recife/Pernambuco.
O interesse pela organização do Colóquio surge pela necessidade premente de se discutir o capitalismo sob a ótica do ultraneoliberalismo e os arranjos geopolíticos que conduzem a uma nova divisão internacional do trabalho com atenção ao impacto desta na organização social e territorial da América Latina.
A relevância do Colóquio está na oportunidade de discussão e apresentação de ideias, pesquisas, análises críticas e manifestações coletivas que tragam como elemento central da discussão a dinâmica geopolítica e de acumulação do capital que tem suscitado mudanças importantes nas lógicas das divisões territoriais e sociais do trabalho. Nesse sentido, cabe questionar: como as populações dos diferentes estados-nação têm recebido tais mudanças?
Público-alvo: professores, estudantes, estudiosos, pesquisadores, profissionais e práticos da área de Planejamento Urbano e Regional, Geografia, Sociologia, Antropologia, Ciência Política, Economia e áreas afins.
O I SOPAPO tem como objetivo discutir e contribuir na difusão do conhecimento acerca da restauração do poder de classe através de um projeto neoliberal de acumulação do capital que parece estar em sua fase mais aguda e que tem sido chamada de ultraneoliberal.
Aos já conhecidos componentes da agenda neoliberal, como as privatizações e disciplina fiscal, acrescentam-se elementos novos (na cronologia do neoliberalismo, mas não na história da humanidade), o conservadorismo e sua psicologia de massas no intuito de obter o consentimento da população para a implementação de um projeto que definitivamente a exclui das benesses do sistema de acumulação capitalista.
Se tomarmos como marco o ano de 2008, com a crise global do sistema de acumulação capitalista, representado à época pela crise hipotecária estadunidense que levou à bancarrota o sistema bancário do mundo todo, temos que 13 anos depois, ao invés da lógica cíclica de implementação de um “estado de bem estar social” que injetasse dinheiro na economia para dinamizar o consumo numa lógica keynesiana, o que se observa é justamente a agudização da fase neoliberal gerando ainda mais concentração de renda para uma ponta – a do sistema financeiro, e provocando crises migratórias e desemprego, ampliando o mapa da fome e da pobreza, na outra ponta.
A América Latina, cuja história é marcada por ditaduras ao longo do século XX visando sua submissão à lógica estadunidense no tocante à divisão internacional do trabalho, teria atravessado para o século XXI com mudanças na lógica geopolítica e de divisão social do trabalho. Países como Uruguai, Chile, Argentina, Venezuela e Brasil despontavam com importantes mudanças na distribuição de trabalho e renda, alterando sobremaneira a composição de sua pirâmide de desigualdade social, conferindo políticas públicas de combate à fome e desigualdade de reconhecimento internacional.
No entanto, a segunda década do presente século parece ter sinalizado mudanças que indicam um retrocesso desse progresso e uma retomada para um status quo ante, sinalizando para uma maior subserviência aos interesses geopolíticos estadunidenses que, na sua briga geopolítica com a China para manter domínio global, necessita reiterar o seu domínio sobre o que considera o seu quintal para manutenção de relações econômicas de interesse próprio: a América Latina.
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