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News & Events Políticas macroeconômicas e o setor agropecuário
Políticas macroeconômicas e o setor agropecuário
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A gestão macroeconômica de um país tem como finalidade atuar com seus instrumentos para garantir níveis ótimos em relação ao produto agregado, emprego, preços e um equilíbrio adequado nas transações externas (câmbio e balanço de pagamentos).

Para entender como estas afetam o setor agropecuário é necessário trazer as especificidades desse setor vis-à-vis outros setores, como de serviços ou industrial. Os produtos agropecuários são, em geral, mais homogêneos o que gera limitações para diferenciação. Além disso, a produção é dispersa em comparação com outros setores, e o alto número de produtores e a competitividade neste setor faz com que os produtores tenham capacidade limitada para influenciar o preço final do produto. Os preços do setor agropecuário também tendem a sofrer mais volatilidade, inclusive por serem mais sensíveis às variações climáticas. Além disso, o estoque de terras numa dada região está praticamente dado e no máximo o que se pode fazer é alterar seu uso ou aumentar a produtividade desse fator.

Partindo de um texto escrito por Felippe Serigati [1], é possível frisar algumas relações entre as variáveis macroeconômicas e o setor agropecuário. O crescimento da renda, representado pelo crescimento do PIB, gera aumento do poder de compra e aquece a demanda, entretanto, um aumento de 1% da renda nacional gera um aumento menor na demanda por produtos agrícolas do que por produtos industriais.

Outro efeito é que com o desenvolvimento da economia de um país, a atividade agropecuária tende a se tornar mais especializada para competir, utilizando melhores insumos e equipamentos advindos do setor industrial e necessitando de mais acesso a crédito, o que faz com que o setor agropecuário acabe se tornando mais dependente dos outros setores e diminuindo tendencialmente sua participação no PIB.

A política cambial é extremamente importante para o agronegócio exportador, definindo seus ganhos e também o custo de importação de insumos. Além do que, em alguns países como o Brasil, o setor agropecuário é quem mais contribui para o saldo da balança de transações correntes. A inflação de custos faz com que o rendimento da atividade agropecuária seja comprimido, dado que o setor tem dificuldades de repassar aos preços esse choque de custos. Por outro lado, uma inflação de demanda eleva os preços agrícolas, aumentando a margem do produtor no curto prazo.

Por fim, a política fiscal expansionista, ao estimular a economia, tende a afetar o crescimento da demanda pelos produtos agropecuários relativamente menos que produtos e serviços dos outros setores, como no caso do crescimento de renda. Entretanto, caso essa expansão provoque inflação, o setor agropecuário pode capturar ganhos de curto prazo. Outro argumento, que carece de comprovação por hora, é que os benefícios fiscais específicos ao setor agropecuário diminuam o preço dos alimentos e, consequentemente, uma parte da pressão inflacionária. Nesse caso, como o preço da maior parte dos produtos agropecuários é definido no mercado internacional e parte dos benefícios fiscais refletem em aumento do valor da terra, é possível que estes benefícios não necessariamente gerem alimentos mais baratos.

Referências

1 - SERIGATI, Felippe Cauê. A macroeconomia da agricultura. AgroANALYSIS, v. 33, n. 01, p. 15-16, 2013.

Este texto foi originalmente publicado no IGTNews no. 54