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As comunidades que vivem a experiência do reassentamento involuntário e de contacto com projectos de mineração de carvão em oito localidades da Província de Tete, abrangendo os distritos de Moatize e de Marara, juntaram-se ao longo de dois dias, na última semana de Julho, para partilharem suas vivências, na perspectiva das suas condições de vida, determinadas pela actividade mineira naquela região do nordeste de Mocambique.
A iniciativa envolveu comunidades das localidades de Cassoca, Chissua, ʺ25 de Setembroʺ, Catete, Bagamoyo, Cateme, Mwaladzi e Nchenga, todas situadas em zonas abrangidas por actividades de exploração de carvão mineral, envolvendo três empresas estrangeiras, nomeadamente: a V ale Moçambique (Brasil), a Jhindal e a ICVL (India). Na base de uma metodologia inovadora, envolvente e participativa, os afectados narraram individual e informalmente a sua experiencia quotidiana, no processo de transições onturbadas, dos modos de vida naturais nas respectivas localidades de origem, ou anteriores à chegada das mineradoras, para a reinserção social e económica nas zonas de reassentamento.
Esta metodologia, através da qual comunidades com experiencias de vida particularmente difíceis dão, a respeito, o seu testemunho espontâneo, tem o potencial de ajuda-las a apurar melhor o seu conhecimento da sua realidade e reavivar a sua auto-estima. A metodologia, desenvolvida pela Bench Marks, uma ONG sul-africana de baseada na fé, foi agora aplicada em Tete, numa iniciativa envolvendo três organizações: a Associação de Apoio e Assistência Jurídica as Comunidades de T ete (AAJC), o SEKELEKANI, a Steel Workers Union, uma central sindical da aérea metalúrgica do Canadá, e a própria Bench Marks.
Os meios escolhidos para através deles as comunidades registarem as suas ʺnarrações de sofrimentoʺ, foram um programa de radio e um jornal, a que os autores intitularam PENHANI (Abre os olhos). Quando, no final do processo, os participantes ouvem, através deamplificadores de som, em locais públicos, as suas vozes, e vêm, no jornal, as suas imagens, elas recuperam o seu sentido de dignidade e de auto-estima, apreendendo melhor a sua realidade social e económica e, consequentemente, o seus direitos humanos básicos.