Um helicóptero da Polícia Militar sobrevoava a paisagem devastada, levantando poeira e atiçando o fogo que ardia no capim logo abaixo. A bordo, estava o secretário de Justiça e Segurança Pública do Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos Videira.
- Ambrósio tomou um tiro de bala de borracha e ficou preso por uma semana (Foto: Joana Moncau)
-
O próprio Kobayashi revelou, em entrevista concedida à Repórter Brasil durante a operação, que a rapidez e tamanho da resposta policial do Estado se deveram à boa conexão dos donos da fazenda com as autoridades do estado. De acordo com o militar aposentado, quem o contratou para ir à fazenda foi Tony Penteado, membro da família controladora da empresa que é proprietária da fazenda, a Penteado Participações. Tony Penteado afirmou à Repórter Brasil que a família não costuma dar entrevistas à imprensa.Na sede da fazenda, Kobayashi reclamou do “tratamento especial” dado pela Justiça aos indígenas: “Vai quebrar uma perna de um índio pra ver o que te acontece”. Deveria ser diferente, lamentou Kobayashi: “Escreveu, não leu: a bala comeu.”Quando perguntado sobre qual seria a melhor solução para o conflito entre os fazendeiros e indígenas no Mato Grosso do Sul, Kobayashi respondeu que seria necessário que a Justiça decidisse – finalmente – de quem são as terras por lá. Mas ironizou: “O problema é que se não tem conflito, a gente não tem trabalho”.Empresas de segurança, como a de Kobayashi, não são ilegais, como explicou o procurador da República, Marco Antônio Delfino. “O problema é a falta de fiscalização dessas empresas” e o perigo de se tornarem “jagunçagem travestida de empresa de segurança”.Um exemplo disso é o caso da Gaspem Segurança, empresa fundada pelo ex-policial Aurelino Arce e fechada em 2014 por decisão judicial. Investigações policiais ligaram a empresa a diversos crimes contra a população indígena do sul do estado, os inquéritos citam assassinatos de lideranças, despejos violentos e a proibição de que medicamentos e alimentos fossem distribuídos. De acordo com processo da 1º Vara Federal de Dourados, a empresa cobrava até 30 mil reais para cada despejo. Os pistoleiros prestavam esses serviços ilegais em pelo menos cinco municípios da região.À equação explosiva citada pelo procurador, soma-se outro fator: os chamados ruralistas – políticos que defendem a agenda dos grandes proprietários rurais. Em alguns casos, político e proprietário são a mesma pessoa. Em Guyraroka, palco da última reunião da Aty Guasu – a maior organização política Kaiowá e Guarani – indígenas apontaram o deputado estadual José Roberto Teixeira (DEM-MS) como um dos fazendeiros que já enviou seus pistoleiros a Guyraroka.Em um encontro pessoal com uma Kaiowá de Guyraroká, o deputado Zé Teixeira teria deixado claro que: “Se um dia eu tiver que dar terra para vocês, farei questão que seja só areia”.Em nota à Repórter Brasil, Teixeira nega ter seguranças privados e reafirma que a terra reivindicada pelos indígenas é de sua propriedade. O deputado foi preso no dia 12 de setembro, acusado de corrupção, e solto uma semana depois. O caso foi aberto por conta das delações de empresários do grupo JBS.Como Teixeira, que foi reeleito para a Assembleia Legislativa, o Mato Grosso do Sul reelegeu dois deputados federais que são proprietários rurais e integram a Frente Parlamentar da Agropecuária. A desproporção de forças que também alcança as casas legislativas sugere um cenário ainda mais perigoso para os Guarani e Kaiowá nos próximos anos.*Esta reportagem foi realizada no contexto de uma missão internacional de investigação coordenada por FIAN Internacional e FIAN Brasil em agosto de 2018, com apoio da Aty Guasu e do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).
Source
Language of the news reported
Related content:
Copyright © Fuente (mencionado anteriormente). Todos los derechos reservados. El Land Portal distribuye materiales sin el permiso del propietario de los derechos de autor basado en la doctrina del "uso justo" de los derechos de autor, lo que significa que publicamos artículos de noticias con fines informativos y no comerciales. Si usted es el propietario del artículo o informe y desea que se elimine, contáctenos a hello@landportal.info y eliminaremos la publicación de inmediato.
Varias noticias relacionadas con la gobernanza de la tierra se publican en el Land Portal cada día por los usuarios del Land Portal, de diversas fuentes, como organizaciones de noticias y otras instituciones e individuos, que representan una diversidad de posiciones en cada tema. El derecho de autor reside en la fuente del artículo; La Fundación Land Portal no tiene el derecho legal de editar o corregir el artículo, y la Fundación tampoco espalda sus contenidos. Para hacer correcciones o pedir permiso para volver a publicar u otro uso autorizado de este material, por favor comuníquese con el propietario de los derechos de autor.